De acordo com o documento “Uma Visão Estratégica para a Cooperação Portuguesa”1, a Educação para o Desenvolvimento (ED), constitui uma prioridade importante para o país.
Em 26 de novembro de 2009, foi publicado em Diário da República o documento de orientação da Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento (ENED), aprovado através de despacho conjunto do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação e do Secretário de Estado Adjunto e da Educação. A 22 de abril de 2010, o respetivo Plano de Ação foi subscrito, através de protocolo, por 14 das 16 instituições públicas e organizações da sociedade civil envolvidas no processo de elaboração.
A Educação para o Desenvolvimento permite abordar temas complexos do desenvolvimento global de forma integrada, dinâmica, crítica e contínua e tem como principal objetivo incutir valores, princípios, atitudes e ações para um mundo mais justo, inclusivo, equitativo e sustentável. Contribui para um mundo em que todos usufruem dos seus direitos, em especial o direito à Educação. Deve ser interdisciplinar e intersectorial.
O envolvimento das Escolas Superiores de Educação na execução da ENED afigura-se, portanto, como fundamental, dado o facto de assumirem, em Portugal, grande parte da formação inicial de professores do ensino básico e um papel cada vez mais relevante no que respeita à promoção de ações de formação e de produção de conhecimento no domínio da ED.
O Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) elegeu a área da Educação para o Desenvolvimento como sendo parte integrante do seu Plano Estratégico no quadro do Eixo “Relações com a Sociedade e Internacionalização”. Enquanto instituição pública de ensino superior que forma professores e educadores, considera que a área de ED deverá, conforme princípios orientadores emanados da Cooperação Portuguesa e de organismos internacionais, ser uma aposta fundamental para a compreensão das questões complexas do desenvolvimento; a divulgação e discussão dos conceitos, princípios e competências para a Cidadania Global junto da comunidade escolar; a implementação de práticas de Educação para e na Cidadania Global e a apresentação de propostas para a revisão dos curriculos da formação inicial, em serviço e contínua de professores e educadores.
As escolas, por serem, por excelência, o local de formação e educação das novas gerações, são o local privilegiado para se trabalharem os temas de Educação para o Desenvolvimento, uma vez que estes apontam para uma educação integral do indivíduo onde se trabalhem “a consciencialização e compreensão das causas dos problemas de desenvolvimento e das desigualdades locais e globais; a vivência da interculturalidade; o compromisso para a ação transformadora alicerçada na justiça, equidade e solidariedade; a promoção do direito e do dever de todas as pessoas, e de todos os povos, de participarem e contribuírem para um desenvolvimento integral e sustentável.2”
As escolas desempenham um papel fundamental na reflexão e implementação do conceito de Educação para o Desenvolvimento, devendo preparar-se para estar à altura do desafio que lhes é pedido, o de ajudarem a educar cidadãos atentos aos outros e ao mundo que o rodeia, cidadãos participativos que se empenhem na construção de relações mais justas e fraternas, que possam, de facto, intervir e alterar a ordem atual. As temáticas de ED devem ser trabalhadas de forma transversal em todas as áreas letivas e não letivas e cabe à própria escola ter uma atitude global assente nestes princípios, que inspire e instigue os alunos no seu dia a dia.
Neste contexto, a ESE-IPVC achou por bem introduzir esta temática na sua Unidade Curricular “Iniciação à Prática Profissional 3”, que se baseia no desenvolvimento de “trabalho de campo em escolas cooperantes que incluem observação e colaboração em situações de educação”, através da construção de uma atividade extracurricular a propor aos alunos e professores do 2º ciclo do EB, construída em parceria com o GEED.
Esta atividade será pensada e elaborada pelos alunos da ESE-IPVC, e será implementada nas escolas cooperantes, através de um trabalho conjunto entre os intervenientes, com um formato a definir durante a unidade curricular e após a sua validação por parte dos responsáveis da unidade curricular e das escolas cooperantes.
A proposta dos responsáveis da unidade curricular prende-se com a comemoração de três dias anuais, cuja data inspira temas relacionados com a Educação para o Desenvolvimento e que correspondem às expetativas das escolas cooperantes em relação à temática da Cidadania.
1 Documento publicado pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento – IPAD, em 2005.
2 Estratégia Nacional da Educação para o Desenvolvimento, IPAD, 2009.
