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Bento XVI pediu aos líderes religiosos de todo o mundo reunidos em Assis (Itália) um empenho conjunto "na luta pela paz", perante “novas e assustadoras fisionomias” de violência como o terrorismo. “Que, no caso em questão, a religião motive de facto a violência é algo que, enquanto pessoas religiosas, nos deve preocupar profundamente”, alertou, durante um encontro que reúne mais de 300 líderes religiosos e académicos, recordando as “vidas humanas inocentes, que acabam cruelmente ceifadas ou mutiladas”. O Papa considera que, com o terrorismo, “é posto de lado tudo aquilo que era comummente reconhecido e sancionado como limite à violência no direito internacional”. Para Bento XVI, nestes casos “a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência”. O discurso papal criticou as situações em que a violência é “exercida por defensores de uma religião contra os outros”. “Esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição”, disse Bento XVI. Neste contexto, o Papa recordou os momentos em que, “na história, também se recorreu à violência em nome da fé cristã”. “Reconhecemo-lo, cheios de vergonha. Mas, sem sombra de dúvida, tratou-se de um uso abusivo da fé cristã, em contraste evidente com a sua verdadeira natureza”, observou. A jornada de oração e reflexão pela paz e a justiça no mundo, na terra natal de São Francisco (1182-1226), celebra a primeira iniciativa do género, promovida por João Paulo II há 25 anos. Bento XVI passou em revista o cenário mundial neste quarto de século, após a queda do muro de Berlim, que aconteceu “sem derramamento de sangue”. Esta iniciativa conta com a presença de vários prelados católicos, 17 delegações das Igrejas cristãs do Oriente - incluindo o Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla (Igreja Ortodoxa) -, 13 Igrejas ocidentais – entre os quais o primaz anglicano, arcebispo Rowan Willams -, uma representação do Grão Rabinato de Israel (judaísmo) e outros 176 representantes de tradições religiosas, para além de quatro não crentes. Do Médio Oriente e dos países árabes chegaram 48 muçulmanos a Assis, cidade na qual se reuniram líderes religiosos em encontros similares convocados por João Paulo II, em 1986, 1993 e 2002. |
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Atualizado em 27.10.2011 |